Cavacas do Freixinho

Descrição: Bolos feitos de farinha de trigo tremês, azeite de muito baixa acidez, ovos e açúcar. Têm forma arredondada, cor amarelada e são cobertos com açúcar em ponto. Cada Cavaca pesa cerca de 250 g.

Região: Norte.

Particularidade: Bolos de forma arredondada, de cor amarelada e cobertos com massa branca de açúcar.

História: A partir de meados do século XVI e até à extinção das ordens religiosas em 1834, Freixinho foi palco de laboração contínua da Casa do Retiro da Senhora do Carmo. Dirigiam-na as religiosas da ordem do mesmo nome que se dedicavam à educação das meninas pobres da região. Só por ironia se pode aceitar a informação aquiliniana de «meninas fidalgas e morgadinhas». De qualquer modo, além do cultivo da cerca do convento —quiçá entregue à supervisão do caseiro ou feitor — as freirinhas e as meninas dotaram, no contexto da ampla e complexa gastronomia, o convento das famosas Cavacas que eram a delícia dos intervenientes nos «outeiros» daqueles séculos, tão maliciosamente referidos por Camilo Castelo Branco. Com trigo tremês ou mourisco, ovos, azeite, açúcar em ponto, os olhos planeavam e as mãos executavam o que os paladares iriam avaliar as Cavacas do Freixinho. A massa teria que ser em cordão e não fintada. De votos e clausura, as religiosas, coadjuvadas pelas treinadas meninas, projetaram no futuro o produto que hoje se pode saborear a partir e à maneira de Carregal e Tabosa, Sernancelhe e Vila da Ponte. E, porque não, de Freixinho, a terra da sua origem, para regá-lo de todos.

Uso: Consumidas ao lanche, acompanhando uma infusão de ervas. Durante muito tempo as Cavacas de Freixinho eram preparadas para servir de oferta «serrana» às pessoas importantes a quem se queria fazer uma oferta de distinção.

Saber fazer: A farinha de trigo tremês ou mourisco é finamente moída, sendo depois amassada com ovos inteiros. Após a amassadura leva azeite muito fino de baixa acidez. A massa é cortada em tiras e vai ao forno em tabuleiros metálicos (antigos), durante uma hora, com as respetivas viragens. São, depois de cozidas, mergulhadas, uma a uma, em açúcar em ponto. Secam em tabuleiros de madeira adequados a este fim.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001