Bolo de Mel-da-Madeira

Descrição: Bolo de cor escura que é conferida pelo mel-de-cana, marchetado de cidra, miolo de noz e amêndoa. É decorado, na parte superior, com amêndoas e nozes. Tem a forma de um cilindro baixo, com diâmetro e peso variáveis. É comercializado envolvido em papel vegetal ou em plástico. Os ingredientes são farinha de trigo, frutos secos, mel-de-cana, açúcar, manteiga, farinha de milho, cidra curtida, especiarias e bicarbonato de soda.

Região: Região Autónoma da Madeira.

Outras denominações: Bolo de Mel-de-Cana.

Particularidade: Bolo de sabor característico, como resultado da utilização do mel-de-cana e de diferentes especiarias.

História: É um bolo característico do Natal, de confeção tradicional, sendo indispensável a sua presença em todas as casas nesta época festiva. Foi «inventado» na Madeira, com a introdução da cana sacarina. A sua confeção terá começado nos séculos XV-XVI, de maneira mais simples que a usada nos séculos XVII-XVIII, usando-se sucessivamente as especiarias europeias, as da Índia e finalmente a soda (Diário de Notícias, 24/04/89). Segundo escreve Eduardo Pereira, «… depois de descoberta a Terra das Especiarias... o bolo impou, condimentado com os mais estranhos acepipes, tenro e quebradiço, aromatizado de essências orientais, ornamentado de arabescos de alfenim, marchetado de cidra, miolo de nozes, amêndoa e passas...». Numa ementa relativa ao triénio de 1813 a 1815, faz-se referência a uma série de doces, incluindo o Bolo de Mel-de-Cana, em quantidades medidas por alqueire, para festejar grandes solenidades religiosas e suas oitavas. A oferenda do Bolo de Mel-de-Cana pelo Natal foi uma ostentação Malga, um mimo requintado de cortesia que se estendeu e generalizou. A tradição, levada à regra em diversas casas madeirenses, dita que este bolo deve ser preparado no dia 8 de dezembro para que esteja bom no Natal (Diário de Notícias, Funchal, 24/04/89).

Uso: Trata-se de um bolo tradicional, indispensável na época do Natal. Deve ser partido à mão e acompanhado de licores ou vinho da Madeira. Este bolo pode ser naturalmente conservado durante vários meses, mantendo as suas excelentes qualidades.

Saber fazer: Misturam-se os diferentes ingredientes, não esquecendo o mel-de-cana. Para o fim ficam as frutas (nozes, cidra, amêndoa) e as especiarias (canela-da-Índia, cravo, cravo-da-Índia, erva-doce em pó, gengibre). No que respeita a este bolo, existe uma grande variedade de receitas de família que são religiosamente guardadas.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001