Bolos Lêvedos

Descrição (dimensões, cor, aroma, textura):

Delimitação da área geográfica de produção: Ilha do Faial, Açores.

Ingredientes utilizados: 1 kg de farinha de trigo ; 150 g de açúcar ; 150 g de manteiga ; 20 g de fermento de padeiro ; 2,5 dl leite; 2 ovos inteiros; sal qb.

Modo de preparação: Peneira-se a farinha com o açúcar para um alguidar, faz-se uma cova no meio e deita-se aí o fermento dissolvido num pouco de leite morno. Mistura-se e junta-se a manteiga derretida. Em seguida amassa-se até se obter um preparado com a consistência da massa de pão.
Deixa-se levedar a massa até de madrugada. Tendem-se então os bolos do tamanho de uma laranja com bocados desta massa, não os enrolando, mas moldando-os virando as beiras para dentro. Põem-se sobre toalhas enfarinhadas, ficando o remate virado para baixo. Tapam-se e deixam-se levedar novamente, durante cerca de 4 horas. Toma-se cada bola de sua vez e estende-se com as mãos de modo a ficarem como um disco de 1 cm de espessura.
Polvilha-se ligeiramente a sertã com farinha e deixa-se cozer de um lado e do outro, reduzindo o calor a meio da cozedura.
Estes bolos podem acompanhar toda a refeição, servir-se ao pequeno-almoço e à merenda com manteiga e queijo fresco ou doce.

Formas de comercialização: Na generalidade, é apresentado nas variedades de pão, no acompanhamento da refeição nas unidades de restauração com predominância na freguesia das Furnas, contudo pode ser encontrado em qualquer superfície comercial da Ilha de S. Miguel.

Disponibilidade do produto ao longo do ano: Disponível todo o ano.

Historial do produto: Tem nome de bolo mas pode ser considerado um pão doce. Acompanha muito bem o pequeno-almoço, o lanche e qualquer apontamento gastronómico. É muito usual consumi-lo ao natural acompanhado se chá ou leite, torrado crocante, quando já não é do dia. Morno, barrado com manteiga, queijo fresco ou de pasta mole e compotas, é outra alternativa. O seu aspecto meio esbranquiçado, arredondado em forma de queijo, levou os franceses a designá-lo “gâteau-au fromage blanc”. Muito apreciado, tornou-se numa ótima fonte de receita e divulgação turística para a freguesia das Furnas e para S. Miguel. Apesar de se confeccionar por todo o arquipélago, os registos que encontrámos referem-no predominantemente na Costa Norte da ilha de S. Miguel, Capelas, Santo António e Bretanha, despido do açúcar e de ovos, ligado à época quaresmal do jejum, onde o bolo terá afirmado o seu nome “lêvedo”, confeccionado de forma espalmada e redonda, em sertã de barro. Hoje o bolo lêvedo das Furnas, denominado “o autêntico”, a que se juntou ovos e açúcar, é certamente o resultado de uma inovação que terá ocorrido por meados do século XX tendo ganho espaço de identificação e raiz com as Furnas, a ponto de se naturalizar com aquela freguesia da ilha de São Miguel.

Fonte: Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas