Barquilhos de Setúbal

Descrição: Barquinhos (marca da tradição pesqueira da cidade) de bolacha de baunilha com 12 cm de comprimento. recheados com doce de laranja amarga, tendo um peso de mais ou menos 35 g. Apresentam-se comercialmente em caixas de cartão com 12 barquinhos colocados em duas camadas separadas por papel. As caixas têm urnas laranjas desenhadas com a sua cor típica, sendo depois envolvidas em papel celofane amarelo.

Região: Lisboa e Vale do Tejo.

Variantes: O doce é, por vezes, apresentado em vasinhos.

Particularidade: Formas de bolacha baunilha em forma de barquinhos recheados com doce de laranja amarga.

História: Este doce é talvez uma reminiscência do tempo em que os laranjais ocupavam uma parte importante da Península. A produção de citrinos já foi aí tão importante que ainda hoje as laranjas sem caroço são chamadas «da baía»... da baía de Setúbal, claro. É sabido, por pesquisas feitas anteriormente, que o doce de laranja nasce no Palácio Cabedo. A família Cabedo instala-se em Setúbal no século XV e até aos nossos dias tem havido Cabedos nascidos na cidade do Sado. A família Cabedo era uma família abastada e com passado político e social importante, que entrou em decadência em 1910 com a implantação da República. Não se sabe ao certo a que época reporta o doce, embora os laranjais de Setúbal datem do século XVI. A Pastelaria Havaneza, fundada em 1905, já publicitava na revista Mocidade o doce de laranjas em caixas e a retalho. A Confeitaria Triunfo, de José Veríssimo Abrantes, fundada em 15/12/1922, dedica-se ao fabrico do doce de laranja, cuja receita foi trazida por um seu familiar que prestava serviços domésticos no famoso Palácio Cabedo. Nos anos 30 intensifica-se o fabrico em série. O doce era vendido em laranjas, que, esvaziadas da sua polpa, eram recheadas com o doce. Mais tarde foi apresentado numa bonita embalagem de vidro, sendo a atual apresentação comparativamente mais recente.

Uso: Muito apreciados como guloseima, são consumidos a qualquer hora do dia.

Saber fazer: A casca de laranja amarga é submetida a uns dias de maceração em água, sendo depois cozida e triturada. Mistura-se, depois de triturada, com açúcar e vai a ferver em lume brando até atingir a consistência desejada, Depois de frio, o doce é colocado nos barquilhos.

Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001